Evangelho do dia, 10 de abril (Jo 8, 51-59): «Antes que Abraão fosse, Eu sou!»
Dizia-lhes Jesus: «Em verdade, em verdade, vos digo: se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte». Os judeus então disseram: «Agora estamos certos de que tens um demônio. Abraão morreu, e os profetas também, e tu dizes: ‘Se alguém guardar a minha palavra, jamais provará a morte’. Porventura és maior do que nosso pai Abraão, que morreu? E também os profetas morreram. Quem tens a pretensão de ser?» Jesus respondeu: «Se eu me glorificasse a mim mesmo, minha glória não valeria nada. Meu Pai é quem me glorifica, aquele que dizeis ser vosso Deus. No entanto, vós não o conheceis. Mas eu o conheço; e se dissesse que não o conheço, eu seria um mentiroso como vós. Mas eu o conheço e observo a sua palavra. Vosso pai Abraão exultou por ver o meu dia. Ele viu e se alegrou». Os judeus disseram-lhe então: «Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão?». Jesus respondeu: «Em verdade, em verdade, vos digo: antes que Abraão existisse, Eu Sou». Então, pegaram pedras para o apedrejar; mas Jesus escondeu-se e saiu do templo.
COMENTÁRIO: O oitavo capítulo do Evangelho segundo São João, que começara com uma pobre adúltera prestes a ser condenada à morte pelos chefes do povo (Jo 8, 1-11), se encerra hoje com um grupo furioso de judeus dispostos a apedrejar o próprio Autor da vida. O ódio que os motiva, como deixa claro a leitura de hoje, provém da verdade que o Senhor, sumamente veraz, jamais poderia ocultar: “Antes que Abraão fosse, Eu sou”. Com um coração de pedra, fechados à luz do Cristo, os ouvintes de Jesus julgam-no blasfemo por igualar-se a Deus e, por isso, apressam-se para matá-lo (Lv 24, 16). É importante notar que os judeus de que aqui se trata parecem ser os mesmos que, alguns versículos antes, se mostraram abertos à doutrina de Jesus (Jo 8, 31). Esse ponto é de especial importância porque nos revela que, mais do que crer e obedecer exteriormente, o que o Senhor espera de nós é que nos deixemos transformar interiormente por sua palavra, isto é, que nos deixemos ferir pela verdade, que, embora amarga e exigente, é sempre fonte de salvação: “Se alguém guardar a minha palavra”, diz, “jamais verá a morte” (Ap 20, 14). Jesus, com efeito, não é um profeta como os demais; não é um líder religioso como os “cabeças” das tantas seitas que pululam pelo mundo; não é, enfim, um pensador interessante cujas ideias possam ser relativizadas ao gosto do freguês. Ele é o próprio Filho encarnado, o único que, estando no seio do Pai, viu a Deus e nos pode dar a conhecer (Jo 1, 18) os mistérios da intimidade d’Aquele que habita em luz inacessível (1Tm 6, 16). Que Ele nos dê a graça de, com um coração humilde, aceitarmos a sua verdade e, com uma boa-vontade, nos conformarmos plenamente às exigências de sua palavra salvífica.
Orai sem cessar: “Jesus é o mediador de uma nova aliança, para que, por meio de sua morte, recebam os eleitos a herança eterna que lhe foi prometida!” (Heb 9,15).
A Jesus, toda honra, louvor e adoração!
Shalom🙏